Excesso de água, problema urbano
Áreas urbanas muito adensadas possuem boa parte de sua superfície ocupada por ruas pavimentadas e estacionamentos, o que reduz a permeabilidade do solo, aumenta o escoamento superficial da água e afeta o desempenho do sistema de drenagem. A consequência dessa situação é a ocorrência frequente de inundações, com transtorno e prejuízo para a população.
Existem várias soluções em concreto que contribuem para diminuir o escoamento superficial de águas pluviais e para minimizar as inundações urbanas.
PAVIMENTO PERMEÁVEL
Sistema normatizado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o pavimento permeável de concreto possui em sua estrutura espaços livres que permitem a infiltração de água.
Esse tipo de pavimento pode reduzir o escoamento superficial em até 100%, dependendo da intensidade da chuva, ou retardar a chegada da água ao subleito, reduzindo a erosão. A sua aplicação é indicada para qualquer área, pois contribui para a microdrenagem urbana.
O pavimento permeável permite percolação e armazenamento da água graças a sua elevada porosidade. Essa característica pode estar presente em concreto moldado in loco ou em peças porosas, ou ainda em peças vazadas e com juntas alargadas – neste caso a água não passa pela peça.
Vale lembrar que o pavimento adotado deve suportar as cargas previstas em projeto e também compor um sistema de drenagem. A limpeza e manutenção são realizadas com a remoção das peças, varrição ou aplicação e jatos d’água. A eficácia do pavimento pode ser aferida periodicamente por meio de ensaio para determinar o seu coeficiente de permeabilidade.
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RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO E RETENÇÃO
Conhecidos como “piscinões”, os reservatórios de detenção e retenção são estruturas de concreto voltadas à acumulação temporária das águas de chuva. Eles contribuem para reduzir as inundações urbanas, especialmente em áreas altamente povoadas e impermeabilizadas, e podem ser uma alternativa mais econômica ao reforço ou ampliação de canais e galerias de drenagem existentes.
Embora essas estruturas visem regular o escoamento superficial da água, elas podem ter um caráter multifuncional, ao agregar áreas verdes e de lazer e compor projetos urbanísticos, valorizando a presença de água no espaço urbano. Aliás, essa é uma iniciativa desejável para que a intervenção tenha maior receptividade pela população do entorno.
A solução é recomendada para bacias hidrográficas urbanas altamente impermeabilizadas e densamente povoadas, bacias onde ocorrem inundações que causem grandes perdas materiais e humanas, e terrenos ociosos e degradados, pois possibilita a criação de áreas verdes e de lazer, aumentando a qualidade de vida da região.
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SUPERTUBOS (ADUELAS)
Os supertubos, também conhecidos como aduelas, são estruturas de concreto de grandes dimensões. Instalados no subsolo, têm a capacidade de armazenar e conduzir grandes quantidades de água de chuva antes de liberá-la para o sistema convencional de drenagem, evitando assim sua sobrecarga.
Geralmente, são implantados em substituição às galerias convencionais ou junto a elas.
A principal função dos supertubos é atenuar os picos das inundações urbanas, possibilitando a recuperação da capacidade de retenção perdida pelas bacias hidrográficas devido à impermeabilização do solo.
Estes dispositivos são também utilizados para controlar alagamentos pontuais.
É uma solução indicada para áreas densamente ocupadas, pois causa pouca interferência no uso e ocupação do solo depois de construída.
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Jardins de Chuva (Biorretenção)
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Estas estruturas podem ser definidas como rasas depressões de terra, que recebem águas de chuva oriundas do escoamento superficial. Os fluxos de água se acumulam nas depressões formando pequenas poças e gradualmente a água é infiltrada no solo.
Além de contribuir para a retenção da água precipitada, a solução utiliza a atividade biológica de plantas e micro-organismos para remover os poluentes das águas pluviais. A água limpa pode ser infiltrada naturalmente no terreno, para recarga do aquífero, ou coletada em um dreno e descarregada no sistema de microdrenagem. É o caso de chuvas que excedem a capacidade da estrutura. Neste caso, o fluxo excedente é encaminhado diretamente para o sistema de drenagem. Os jardins de chuva são indicados para ruas largas com baixo tráfego de veículos, calçadas largas, pátios e estacionamentos ou dentro de grandes lotes, desaconselhando-se seu uso em locais com limitação de espaço ou grandes áreas de contribuição pluviométrica.
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Parques Lineares
Os parques lineares têm como principal característica a capacidade de interligar fragmentos de vegetação e outros elementos encontrados em uma paisagem, assim como os corredores ecológicos. Eles se compõem de áreas lineares destinadas tanto à conservação como à preservação dos recursos naturais, mas também agregam atividades de lazer, cultura e rotas de locomoção não motorizada, como ciclovias e caminhos de pedestres. Por isso, são muito utilizados como instrumento de planejamento e gestão de áreas degradadas.
Do ponto de vista do manejo de águas pluviais, o parque linear contribui para aumentar a área de várzea dos rios e suas zonas de inundação, além de tornar a vazão da água mais lenta durante as cheias. A solução é aplicável a margens de rios ocupadas irregularmente, áreas com risco de inundação e áreas livres, onde se procura preservar a vegetação existente e impedir a ocupação irregular.
Como todo parque, exige serviços de manutenção regular e segurança e pode requerer desapropriações para sua implantação, porém traz vantagens inegáveis à cidade, seja na melhoria das condições microclimáticas da região ou como polo recreativo e cultural.