do The City Fix Brasil
A tecnologia pode ajudar, e muito, na construção de cidades mais resilientes. Mas é preciso pensar, reunir os dados necessários e utilizá-los de forma integrada na criação de soluções. Abaixo, confira quatro maneiras de que as cidades estão lançando mão da tecnologia para se tornarem mais resilientes.
1. Análise de dados
As cidades têm acesso a muitos dados, e ao longo dos últimos anos tem sido possível observar, em diversas partes do mundo, uma tendência de criação de novas estratégias para usar melhor esses dados. Em lugar de investir na coleta de novos dados, focar os investimentos na união dos diversos conjuntos de dados já existentes a fim de analisar como se relacionam uns com os outros e criar soluções inteligentes a partir daí.
São Paulo, por exemplo, inovou com a criação do MobiLab. O trânsito da cidade gera 30 milhões de dados diariamente; no MobiLab, empreendedores e pesquisadores partem desses dados para criar aplicativos, tecnologias e soluções inteligentes para os problemas de mobilidade na cidade. Já Nova Orleans, nos Estados Unidos, está usando dados já existentes sobre os crimes na cidade, como os locais em que ocorrem com mais frequência e onde há mais e menos movimento de pessoas, para identificar tendências e investir no que for necessário – iluminação pública, policiamento, etc. Dessa forma, agindo com precisão a partir de dados previamente analisados, as cidades podem reduzir os custos e aumentar a eficiência na gestão de seus recursos financeiros.
2. Tecnologia para melhorar a eficiência operacional
Integrando novas possibilidades tecnológicas como a Internet das Coisas (Internet of Things) ao desenvolvimento de novos sensores, as cidades estão descobrindo novas maneiras de colocar os dados mais relevantes nas mãos dos tomadores de decisão. Barcelona está usando a Internet das Coisas para conectar ônibus e pontos de ônibus, carros e estacionamentos, sensores na iluminação das ruas. Tudo de forma integrada, em uma dinâmica que torna o dia a dia das pessoas e a gestão dos recursos ambos mais eficientes. Os benefícios são quase imediatos: melhor distribuição dos ônibus, que chegam aonde as pessoas precisam; mais eficiência na coleta de lixo; menos emissões de carbono; serviços de emergência mais eficazes e um meio urbano menos estressante para as pessoas.
3. Materiais e projetos inovadores
Os materiais usados na construção de infraestrutura em uma cidade ocupam uma posição central no que diz respeito a reduzir os desperdícios, melhorar a eficiência e criar estruturas urbanas mais resilientes. Baseadas no conceito de biomimetismo (em inglês, biomimicry), que prega a criação de produtos, projetos, ideias de design, tecnologia e materiais a partir da natureza, as cidades podem reduzir o desperdício de energia e aumentar a durabilidade das coisas. Em Harare, no Zimbábue, o shopping Eastgate Centre usa apenas 10% da energia de um sistema de resfriamento convencional. A explicação está em seu projeto, inspirado nos cupinzeiros, que mantêm uma temperatura amena mesmo durante o verão graças aos bolsões de ar que conduzem a ventilação natural.
4. Novos métodos de comunicação para promover a participação popular
Smartphones, uma das ferramentas mais empoderadoras e úteis para engajar as pessoas. Com as potencialidades oferecidas pelos celulares, são múltiplos os usos que as cidades podem fazer deles para aumentar a resiliência. Os smartphones podem ser um canal de comunicação para as pessoas relatarem problemas ou realizarem denúncias; podem tornar as cidades mais seguras; agilizar a comunicação entre a administração municipal e os moradores durante fenômenos naturais extremos que possam oferecer riscos à população; e podem ainda impulsionar iniciativas focadas no empoderamento dos cidadãos.
Utilizando a tecnologia de maneira de inovadora, as cidades se fortalecem. E, ao dar voz para as pessoas, garantem mais eficiência para os investimentos. O benefício é duplo: ao mesmo tempo aumentar a resiliência e melhorar a vida das pessoas.