Apesar de desempenharem um papel vital como ecossistemas fundamentais para o nosso planeta, os manguezais enfrentam pressões significativas resultantes de diversas atividades humanas, incluindo mineração, sobrepesca, ocupação desordenada e liberação de poluentes. Estudos indicam que, no Brasil, cerca de um quarto de todas as áreas de manguezais já foram perdidas. Uma iniciativa promissora está sendo conduzida pela Universidade do Kansas nos Estados Unidos, com o objetivo de abordar esse problema. Trata-se de um projeto que envolve a criação de estruturas de recifes de manguezais artificiais, conhecidas como “Reef Walls”. Essas paredes, construídas com concreto ecologicamente sustentável, imitam as características das linhas costeiras naturais. Elas oferecem um habitat propício para organismos aquáticos e também ajudam a dissipar a energia das ondas.
Incorporam uma mistura de concreto de alta resistência de endurecimento rápido, “farinha de ostra” (casca de ostra triturada) para ajustar o pH e atrair ostras, e fibras de coco picadas como reforço de tração para evitar rachaduras.
Esses painéis foram projetados para replicar a forma e a função das raízes dos manguezais vermelhos e dos recifes de ostras, que ocorrem naturalmente no estado da Flórida. Cada unidade das “Reef Walls” atua como um refúgio para caranguejos, caracóis e peixes. Além disso, proporcionam um local para pássaros costeiros pousarem e caçarem suas presas. Ao mesmo tempo, os peixes predadores maiores podem utilizar o espaço abaixo dos painéis para emboscar suas presas.
O projeto é liderado pelo professor Keith Van De Riet da Escola de Arquitetura, Design e Planejamento da Universidade de Kansas. Segundo o professor, o objetivo principal é “mitigar os impactos do desenvolvimento” através da “promoção da biodiversidade” em estruturas de concreto que, ao longo do século XX, substituíram em grande parte as áreas de manguezais.