Por que pensar nas pequenas e médias cidades?
Em 2013, através do Programa Soluções para Cidades da ABCP, foi lançada a primeira publicação sobre Espaços Públicos.
O primeiro volume foi elaborado, sobretudo, a partir do olhar para o universo cotidiano da vida urbana das grandes cidades, e quando apresentado aos pequenos municípios (no curso que foi originado a partir do livro) sentíamos que haviam situações muito particulares aos pequenos territórios que necessitariam de uma abordagem específica.
Apesar da intensidade dos processos de urbanização, conurbação urbana e metropolização, as pequenas localidades dominam a paisagem urbana brasileira. A maior parte do território brasileiro, segundo dados do IBGE, é composto por pequenas e médias cidades. No estado de São Paulo, por exemplo, mais de 60% dos municípios possuem menos de 20 mil habitantes, e apenas 6% possuem mais de 200 mil habitantes. É uma quantidade expressiva de municípios com dimensões reduzidas que demandam por recursos públicos, melhorias na infraestrutura e nas condições de vida de seus cidadãos.
As cidades interioranas, das pequenas localidades às cidades médias, trazem consigo características que em muitos casos já deixaram de fazer parte do cotidiano das grandes cidades. São territórios que ainda trazem aspectos da vida rural nas suas funções ou mesmo na configuração do desenho urbano, onde vivem uma parcela significativa de idosos e crianças e onde determinadas atividades, como o caminhar e o pedalar, adquirem uma importância significativa nas ações cotidianas. Lugares onde a calçada ainda é o lugar do sentar e observar, onde as ruas apresentam usos compartilhados com o lazer e a praça é
o principal espaço do encontro e da permanência.
Todas estas características, muito distintas da conformação urbana dos grandes centros, requerem um olhar estratégico para se pensar sobre as potencialidades, deficiências e necessidades dos espaços públicos das pequenas e médias cidades articuladas às suas limitações, tais como os desafios para a captação de recursos, administração de projetos e gestão. Outro grande desafio é incorporar nestes processos a leitura das características locais e as necessidades dos usuários como subsídio para as intervenções, a fim de que não sejam cometidas falhas como a importação de modelos descolados da realidade. Pensar a cidade para quem nela vive e para que nela permaneça, de forma democrática e diversa, é a estrutura base de qualquer direcionamento para a intervenção no território.
Abaixo, o link para download do manual.
As autoras
Simone Gatti
Arquiteta e urbanista, professora de planejamento urbano e pós doutoranda da Faculdade e Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. É consultora do Programa Soluções para Cidades da ABCP, autora do primeiro volume do livro Espaços Públicos,
Diagnóstico e Metodologia de Projeto e ministra o curso homônimo de capacitação para o corpo técnico das prefeituras municipais brasileiras. Atualmente é representante do IABsp na Comissão Executiva da Operação Urbana Centro da Prefeitura Municipal de São Paulo e pesquisadora do NAPPLAC USP (Núcleo de Apoio à Pesquisa, Produção e Linguagem do Ambiente Construído) onde desenvolve pesquisas sobre políticas habitacionais, centros urbanos, gestão participativa, espaços públicos e mobilidade. Vive e trabalha em São Paulo.Patricia Zandonade
Arquiteta e Urbanista, Doutora no Programa de Pós-Graduação em Energia – Ambiente e Sociedade da Universidade Federal do ABC, desenvolvendo pesquisa com a temática da mobilidade urbana e desigualdade na utilização energética para deslocamentos cotidianos. Possui mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Possui pesquisa sobre Territórios Interioranos e Modos de Morar, com ênfase para pequenas localidades. Tem experiência na área de Projeto e Plano Urbanístico, Projeto da Paisagem e Planos ou Projetos de Espaços para a Mobilidade Cotidiana. Vive e trabalha em Foz do Iguaçu.