O que começou como um projeto para melhorar a acessibilidade culminou em uma proposta de revitalização completa

Há cerca de dois anos, na cidade de Anápolis-GO, a prefeitura desejava melhorar as condições de acessibilidade, implantando modificações em calçadas, sinalização urbana, e outras alterações necessários. Entretanto, os técnicos detectaram outros fatores que mereciam atenção, como a necessidade do alargamento das vias e calçadas para desafogar o trânsito local.

Como consequência, decidiu-se buscar conhecimentos e propostas para transformar o quadrilátero da Região Central como um todo, envolvendo, inclusive, a solução de problemas apontados por uma pesquisa realizada pela UEG à época. O estudo revelava que a maioria dos anapolinos fazia compras em municípios vizinhos, deixando de frequentar a região central da cidade. Os motivos do deslocamento, segundo a pesquisa, eram o trânsito tumultuado (devido ao aumento de veículos que circulam no local, inclusive os do transporte público); as calçadas estreitas e irregulares, que comprometiam a locomoção dos pedestres; e a necessidade de revitalização da área.

O início

O projeto para a revitalização do quadrilátero central de Anápolis surgiu a partir de reuniões de técnicos da prefeitura com a ABCP, por meio da Regional Centro-Oeste da associação, e ganhou fôlego após a divulgação do resultado de uma pesquisa, realizada com apoio Universidade Estadual de Goiás (UEG), que levou à revisão de alguns conceitos iniciais, como a possibilidade de deixar o centro mais atrativo para a população.

O trabalho

A partir de uma realidade que não é exclusiva de Anápolis, a ABCP, por meio de parceria com o Sindicato da Construção e do Mobiliário de Anápolis (SICMA) e com a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA), apoiou a edição de uma cartilha sobre acessibilidade – o Guia Prático para a Construção de Calçadas. Com a evolução dos trabalhos, viu-se a necessidade de implantá-la na prática, sendo então escolhida a área central da cidade para isso.

Mas a tarefa não era apenas adequar calçadas inacessíveis e sim promover uma mudança conceitual, que incluía desde o simples ajustamento das calçadas ao Plano Diretor (em processo de implantação) até mudanças no sistema de transporte público, sendo então envolvida a Companhia Municipal de Transportes de Anápolis (CMTT.)

Novas Propostas

Somente o projeto de acessibilidade não resolveria os problemas encontrados na região. Era preciso pensar também em outra questão: o trânsito. Uma alternativa era deslocar o excesso de linhas de ônibus, que sufocavam as vias locais, para outras áreas da cidade, além de fazer uma reprogramação do trajeto dessas linhas. Ou seja, somente passariam pelo centro as linhas de ônibus que atendessem à demanda dos frequentadores, como consumidores, lojistas e pessoas que trabalham no local. Essa ideia foi então incorporada ao projeto.

Outro fator que também mereceu destaque foi a importância de Anápolis como polo industrial. A cidade é um ponto estratégico do Centro-Oeste brasileiro, por isso a necessidade de estimular e revitalizar o seu centro comercial, evitando o deslocamento da população para municípios vizinhos.

Acupuntura Urbana

Além da revitalização do centro, do planejamento paisagístico e urbano, da acessibilidade das calçadas e vias, acrescentou-se, como sugestão, um estacionamento subterrâneo – embaixo da praça – e a construção de uma torre para abrigar um restaurante. São apenas ideias que, se executadas, poderão estimular a visita ao centro comercial da cidade.

Segundo o Arquiteto e urbanista Guilherme Takeda, consultor da ABCP, o processo funciona como uma “Acupuntura Urbana”, onde um ponto modificado tem a capacidade de atravessas fronteiras e irradiar desenvolvimento aos demais barros de uma cidade a até mesmo outros municípios. “Uma ação bem planejada, executada em um determinado espaço, irá irradiar desenvolvimento por onde ele ainda não chegou”, explica.

“Ao criarmos um projeto urbano, temos de pensar a cidade como um ser mutante. Não adianta implantarmos processos estáticos, pois a realidade é bem diferente. Tudo muda e se transforma. Portanto, ao elaborarmos um projeto, temos de pensar longe, principalmente no que se refere à infraestrutura, que precisa suportar o passar dos anos e já se integrar ao futuro, como parte do processo”, conclui.

O Resultado

O projeto para a revitalização do Quadrilátero da Região Central de Anápolis foi entregue para a prefeitura no início de julho de 2010 e está em processo de avaliação. Deverá ser implantado nas ações imediatas consideradas possíveis, como melhoria de algumas calçadas do centro, e listará uma série de procedimentos legais e de planejamento, preparando a cidade para o futuro.

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